quarta-feira, 6 de junho de 2012

Pesquisa reconhece qualidade das Sementes da Paixão na Paraíba

Nos dias 30 e 31 de maio, no Convento dos Maristas e no Banco de Sementes Mãe, em Lagoa Seca, acontecerá o Seminário Pesquisa e Política de Sementes no Semiárido, que reconhece a qualidade das sementes da Paixão na Paraíba. O evento irá apresentar os resultados quantitativos e qualitativos de um estudo desenvolvido pela Articulação do Semiárido Paraibano (ASA - Paraíba) e a Embrapa Tabuleiros Costeiros com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). “Sementes da Paixão” foi como ficaram conhecidas na Paraíba às sementes nativas ou crioulas, que vem sendo reproduzidas pelos agricultores familiares desde os seus antepassados e significam a garantia da autonomia e diversidade da produção da agricultura camponesa de base agroecológica na região semiárida.

Participarão do seminário cerca de 60 pessoas entre agricultores e agricultoras, pesquisadores, estudantes, representantes da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Agrário e Pecuária (Sedap), do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), da Emater e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), além de técnicos de organizações de assessoria. No primeiro dia de evento, a programação acontecerá no Convento dos Maristas, já no dia 31, acontecerá na sede do Banco de Sementes Mãe, localizado no Sítio Quicé, as margens da BR 104, entrada na ponte do Quicé, entre os municípios de Lagoa Seca e São Sebastião de Lagoa de Roça.
O objetivo do encontro é disponibilizar os resultados da pesquisa para contribuir com a formulação de propostas de políticas públicas de sementes voltadas para a agricultura familiar camponesa do Semiárido e socializar o intercâmbio e a articulação entre as diferentes experiências de valorização, conservação e aumento da biodiversidade. A programação de dois dias contará com mesas temáticas, carrossel de experiências e debates.
O Estudo
As pesquisas foram realizadas por organizações como o Polo da Borborema, a AS-PTA Agroecologia e Agricultura Familiar, Coletivo Regional do Cariri, Curimataú e Seridó Paraibano, Patac, Embrapa e UFPB em propriedades de famílias agricultoras nas regiões do Cariri e da Borborema. Os objetivo foram: realizar ensaios de competição de variedades crioulas e comerciais; fazer mapear e melhorar a qualidade das variedades crioulas caracterizando variedades tradicionais presentes nos Bancos de Sementes Comunitários; e capacitar os agricultores na seleção de sementes e de variedades tradicionais.
A ASA Paraíba mantém atualmente uma rede de Bancos de Sementes Comunitários, que mobilizam aproximadamente 6.500 famílias em 61 municípios do estado. De acordo com Emanoel Dias, agrônomo e assessor técnico da AS-PTA, a iniciativa animou a discussão e o trabalho com as sementes da paixão: “A pesquisa começou apenas como um ensaio comparativo de variedades de milho em 2009, no ano seguinte foram implantados ensaios comparativos e campos de multiplicação de variedades crioulas, em 2011 foram implantados mais de 15 ensaios comparativos e campos de multiplicação de variedades nas regiões do Cariri e da Borborema Esse processo ganhou expansão em virtude da metodologia de envolver as famílias agricultoras em todas as etapas do trabalho, melhorando a qualidade das variedades crioulas existentes nos diversos bancos de sementes familiares e comunitários”, avaliou.
Durante o estudo foram feitas análises comparativas de diversas variedades de milho presentes nos bancos de sementes das comunidades, com sementes distribuídas pelos programas governamentais. Foram comparados os seguintes critérios: produtividade; espessura da planta; quantidade de palha; cor, peso e tamanho da semente; resistência a pragas; resistência à seca, entre outros.
Para o pesquisador na área de Agroecologia da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Amaury Santos, o resultado do estudo não é nenhuma surpresa. “As variedades convencionais são produzidas por meio do uso de agrotóxicos, de adubação química. Quando vão para um ambiente diferente, como é o caso do Semiárido, região que enfrenta escassez de água e onde não se usa veneno e raramente se usa adubação química ou orgânica, elas não têm a mesma adaptação que as sementes dos agricultores”, explica o pesquisador.
Seu Expedito, do Assentamento Santa Paula no município de Casserengue, é um dos agricultores que participou das pesquisas, com o milho crioulo. Dentre as variedades plantadas o milho Ligeirinho, encontrado nos bancos de sementes de Casserengue, apresentou maior desempenho em todas variáveis no processo de avaliação. Emanoel Dias comenta o resultado: “Isso mostra o potencial das variedades crioulas e a sua adaptação as condições edafoclimáticas locais. Para os agricultores presentes, o milho apresenta boa produção na terra de origem, ou seja, naquelas que ele já está adaptado”.
 
Com Assessoria

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