O setor de defensivos agrícolas fechou o ano de 2010 com volume de importações praticamente igual a 2009, segundo informações passadas por Ivan Amâncio Sampaio, gerente de estatística do SINDAG – Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola.
Em 2010 foram importadas 231.967 toneladas entre produtos técnicos e produtos formulados, contra 231.919 toneladas importadas em 2009.
Todas as classes de defensivos apresentaram aumento no volume de importações, à exceção da classe dos herbicidas, onde houve queda em torno de 9% principalmente em função no volume importado do ingrediente ativo glifosato.
Apesar dessa queda, o glifosato foi o produto com o maior volume de importação em 2010, correspondendo a 28,6% no total geral das importações.
Nas demais classes, houve aumento principalmente na classe dos fungicidas, seguidas pelos inseticidas e acaricidas.
A classe que demandou maior volume de importação foi a dos herbicidas, com participação percentual de 58,3%, onde podemos destacar os produtos à base de Glifosato, Atrazina, 2,4-D, Paraquat, MSMA, Metolacloro, Clomazone, Picloram + 2,4-D e Ametrina.
Nos fungicidas, os maiores ingredientes ativos importados foram os à base de Carbendazim, Azoxistrobin + Ciproconazole, Clorotalonil, Hidróxido de Cobre e Tiofanato Metil.
Já nos inseticidas, as maiores importações foram de produtos à base de Metamidofós, Metomil, Clorpirifós, Carbosulfan e Imidacloprido.
Sampaio destaca que a China continua na dianteira como o país que mais exporta para o Brasil, com uma participação de 20%, seguida pelos Estados Unidos e Argentina, com participação de 19%, conforme quadro abaixo, onde estão listados os 10 maiores países fornecedores de defensivos para o Brasil, comparando-se as importações dos últimos 10 anos – 2001 x 2010.
Atualmente o Brasil é altamente dependente de importações, pois do volume total de defensivos agrícolas comercializados, 80% são originários das importações e somente 20% de síntese local.
RELAÇÕES DE TROCA – PODER DE COMPRA DO AGRICULTOR
Como o real está altamente valorizado com relação ao dólar, os preços dos defensivos agrícolas continuam em queda, devido também à grande concorrência e oferta de produtos no mercado, o que está favorecendo o agricultor brasileiro na relação de troca, conforme trabalho elaborado pelo Instituto de Economia Agrícola – IEA, da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo.
Quando se compara os preços dos principais defensivos agrícolas comercializados no Estado de São Paulo em janeiro de 2011 com os do mesmo mês de 2010 (preços levantados em 34 regiões), observa-se que de um total de 128 produtos pesquisados, em valores correntes, 108 produtos (84,4%) registraram decréscimo nos preços entre 0,2% e 32,9%, e 19 tiveram acréscimo entre 0,1% e 29,4% e um permaneceu estável.
Por sua vez, em valores corrigidos pelo IGP-DI da Fundação Getúlio Vargas (FGV), observou-se que 126 produtos variaram negativamente, entre 1,0% e 39,7%, enquanto 2 produtos apresentaram aumento entre o mínimo de 4,5% e o máximo de 16,3%.
Portanto, dos principais defensivos agrícolas comercializados no Estado de São Paulo quase a totalidade (98,4%) apresentaram queda nos preços, em termos corrigidos, em janeiro de 2011, nas regiões analisadas, quando comparado com janeiro de 2010.
Na análise individualizada por classes, em valores corrigidos, do total de 40 inseticidas, 39 produtos tiveram decréscimo de preços e um apresentou acréscimo (4,5%). Os 27 fungicidas considerados apresentaram retração nos preços entre 1,3% e 29,8%. Na classe dos acaricidas, 8 produtos tiveram decréscimo de preços (entre 1,0% e 39,7%) e um produto apresentou aumento nos preços (16,3%). Para os herbicidas, em valores corrigidos, os 48 produtos pesquisados mostraram decréscimo nos preços, no referido período.
No período pesquisado observou-se que a taxa cambial mensal, que em janeiro de 2010 era de 1,780, sobe para 1,842 em fevereiro de 2010. Em seguida, decresce em março e abril, voltando a subir em maio de 2010, indo para 1,813. A partir dessa data mostra tendência decrescente, chegando a 1,675 em janeiro de 2011. Portanto, a taxa média mensal de câmbio (real/dólar), no período analisado, decresceu 5,9% (passou de 1,780 em janeiro de 2010 para 1,675 em janeiro de 2011).
Período de janeiro de 2003 -2011
Na análise do comportamento da média dos índices de preços corrigidos de 74 defensivos agrícolas levantados no Estado de São Paulo, no período de janeiro de 2003-2011, verificou-se que a média dos índices apresenta tendência decrescente, atingindo em janeiro de 2011 o menor patamar do período.
Em janeiro de 2011, a média dos índices de preços corrigidos dos defensivos estudados apresenta uma queda de 17,3% em relação ao mesmo mês do ano precedente. Contudo, se comparamos como o início do período (janeiro de 2003), os preços em média ficaram 55,6 % inferiores.
Na análise das relações de troca constatou-se que em janeiro de 2011 todas as culturas analisadas (algodão, café, cana-de-açúcar, feijão, laranja para indústria, milho e soja), apresentaram relações de troca mais favoráveis, quando comparado com janeiro de 2010, ou seja, ganho do poder aquisitivo dos produtores paulistas para compra da cesta de defensivos agrícolas. Contribuíram o aumento nos preços recebidos pelos agricultores, aliado ao decréscimo dos valores das cestas dos defensivos agrícolas.
Destaque-se que as relações de troca observadas para as culturas da soja, café, cana-de-açúcar, laranja e algodão em janeiro de 2011 foram as mais favoráveis para os agricultores quando comparadas com as relações de troca observadas em janeiro dos últimos dez anos (2002-2011).
Para a cultura da soja, em janeiro de 2010 eram necessárias 4,72 sc.60 kg do produto para adquirir uma cesta de defensivos agrícolas, tendo decrescido para 3,69 sacas em janeiro de 2011, uma diminuição de 21,7% (1,03 sacas a menos). Registrou-se, portanto, uma melhora na relação de troca. Ressalte-se que o preço recebido passou de R$39,05 sc. 60kg em janeiro de 2010 para R$46,14 em janeiro de 2011 (aumento de 18,2%) (Figura 1). No caso do café, a relação de troca decresceu de 4,17 sc.60kg do produto para 2,65 sc.60kg (decréscimo de 36,5%).
Destaque-se que a laranja para indústria foi a cultura que apresentou a relação de troca mais favorável para os agricultores.
Constatou-se que em janeiro de 2010 eram necessárias 60,21 cx.40,8kg
para adquirir uma cesta de defensivos agrícolas, tendo decrescido para 30,21 cx.40,8kg em janeiro de 2011, uma diminuição de 49,8%. Ressalte-se que o preço recebido passou de R$7,36 cx.40,8kg em janeiro de 2010 para R$14,83 em janeiro de 2011 (aumento de 101,5%).
Também, a cultura do milho apresentou a relação de troca bastante favorável para os agricultores, no referido período, uma vez que a relação de troca decresceu 40,8%, passando de 8,85 sc.60kg em janeiro de 2010 para 5,24 sc.60kg em janeiro de 2011. Observou-se que o preço recebido em valores correntes passou de R$16,44 sc.60kg em janeiro de 2010 para R$24,85 sc.60kg em janeiro de 2011, aumentando 51,2%.
No caso do feijão, também houve melhora no poder aquisitivo dos produtores. Constatou-se que em janeiro de 2010 eram necessárias 7,13 sc.60kg para adquirir uma cesta de defensivos agrícolas, tendo decrescido para 4,81 em janeiro de 2011, uma diminuição de 32,6%.
Para a cultura da cana-de-açúcar, em janeiro de 2010 eram necessárias 17,78 t de cana para adquirir uma cesta de defensivos agrícolas, tendo decrescido para 13,92 t em janeiro de 2011, uma diminuição de 21,7%, portanto, melhorando o poder aquisitivo de compra dos agricultores.
No caso do algodão, a relação, estimada com base no preço recebido vigente em outubro de 2010, apresentou melhora na relação de troca, tendo em vista principalmente os bons preços desse produto no mercado. A relação de troca passou de 16,79 sc.15 kg do produto em janeiro de 2010 para 9,82 sc.15 kg em janeiro de 2011.
Ivan Amâncio Sampaio
Gerente de Informação
(11) 5094-5536
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